O filme “Nosferatu” é um dos grandes símbolos do cinema de terror e já recebeu diversas reinterpretações ao longo de mais de um século. Cada versão traz um olhar particular sobre a história do vampiro grotesco, dando ênfase a aspectos diferentes da narrativa original. Aqui, vamos apresentar as quatro principais versões do clássico, analisando o que cada uma traz de novo ao legado de “Nosferatu”.
Nosferatu (1922)

Max Schreck em “Nosferatu” (Kino International)
Dirigido por F. W. Murnau, o filme de 1922 é reconhecido como um dos grandes filmes mudos de sua época.
Esta adaptação não autorizada do romance “Drácula” de Bram Stoker introduziu elementos que ajudaram a modelar as representações cinematográficas de vampiros.
Novidades e seu impacto
- Visual gótico: a atmosfera sombria e os enquadramentos criativos estabeleceram um padrão para o gênero de terror.
- O Conde Orlok: interpretado por Max Schreck, o vampiro grotesco é uma figura assustadora, com sua aparência macabra se destacando de outras representações de vampiros.
- A luz solar como fraqueza: este foi o primeiro filme a introduzir a ideia de que vampiros podem ser mortos pela exposição ao sol, um conceito que se tornou central na mitologia dos vampiros.
Apesar de ser um filme mudo, a obra foi marcante pela sua capacidade de assustar, seguindo uma estética que ainda influencia o gênero.
Nosferatu, o Vampiro da Noite (Nosferatu the Vampyre) – 1979
Klaus Kinski em “Nosferatu: O Vampiro da Noite” (Gaumont/Werner Herzog Filmproduktion)
Quase seis décadas depois, Werner Herzog dirigiu “Nosferatu, o Vampiro da Noite”, uma reinterpretação fiel ao original de 1922. Protagonizado por Klaus Kinski como Conde Orlok, este filme combina a essência do clássico com o toque autoral de Herzog.
O que trouxe de novo?
- Humanização do vampiro: Kinski entrega uma atuação complexa, retratando o vampiro como uma figura trágica e quieta, além de assustadora.
- Utilização da paisagem e música: Herzog utiliza a paisagem natural e a trilha sonora para criar um tom fluido e ao mesmo tempo melancólico.
- Exploração de novos temas: embora fiel à narrativa original, o filme explora temas mais modernos, como a alienação e o isolamento.
Inclusive, esta versão, da Alemanha, é considerada um marco do cinema europeu e uma homenagem poderosa ao clássico de Murnau.
Nosferatu: Uma Sinfonia do Horror (Nosferatu: A Symphony of Horror) – 2023
Nosferatu: Uma Sinfonia do Horror
Dirigido por David Lee Fisher, esta versão é um remake quase cena por cena do filme original de 1922, com um estilo visual que mistura tecnologia moderna e influências do cinema mudo.
Aspectos diferentes
- Uso de tela verde: a combinação de efeitos digitais e cenários clássicos cria uma estética bem particular, mas que pode parecer muito diferente para alguns espectadores.
- Doug Jones como Conde Orlok: conhecido por papéis em filmes de Guillermo del Toro, Jones traz uma boa performance física, enfatizando o lado monstruoso do personagem.
- Fidelidade ao original: este remake recria cenas e enquadramentos específicos do clássico, funcionando quase como uma releitura experimental.
Apesar de se inspirar no filme original, essa versão acabou não alcançando grande popularidade quanto ele.
Nosferatu (2024)
Lily-Rose Depp em “Nosferatu” (Focus Features)
Por fim, Robert Eggers, conhecido por filmes como “A Bruxa” e “O Farol”, trouxe sua perspectiva detalhista para “Nosferatu”, de 2024. Este remake busca equilibrar fidelidade ao original com elementos novos e surpreendentes.
Ambientado no século XIX, o filme segue Thomas Hutter (Nicholas Hoult), um corretor de imóveis que viaja à Transilvânia para negociar com o enigmático Conde Orlok (Bill Skarsgård), interessado em adquirir uma propriedade na cidade alemã de Wisborg
Durante sua estadia no castelo de Orlok, Hutter descobre que o conde é, na verdade, um vampiro. Enquanto isso, sua esposa Ellen (Lily-Rose Depp) em Wisborg é atormentada por visões e uma conexão psíquica com Orlok, que se torna obcecado por ela. O filme explora temas de obsessão, desejo e o confronto entre o sobrenatural e a racionalidade da época.
O que se destaca no filme?
- Estilo visual: Eggers utiliza sua assinatura visual para criar um ambiente muito imersivo e gótico.
- Elenco de peso: com grandes performances, o filme entrega interpretação contida e assustadora do Conde Orlok, interpretado por Bill Skarsgård.
- Novidades narrativas: embora respeite o material original, o filme expande certos aspectos da história para trazer novas perspectivas e surpresas.