Quando pensamos em J.R.R. Tolkien, a imagem que costuma vir à mente é a de um autor apaixonado por mitologia e literatura medieval. Criador de “O Senhor dos Anéis” e “O Hobbit”, ele ajudou a mudar a fantasia moderna com seriedade e respeito pelas raízes culturais que inspiraram suas histórias.
Por isso, pode parecer estranho que esse mesmo autor não gostasse de uma das maiores potências do entretenimento infantil: a Disney. Você sabe o porquê?
Tolkien não gostou da forma como os anões do filme “Branca de Neve” foram retratados
Para entender os motivos de Tolkien não gostar da Disney, é preciso voltar ao final da década de 1930. Em 1937, dois eventos marcantes aconteceram quase ao mesmo tempo: o lançamento do filme Branca de Neve e os Sete Anões e a publicação de O Hobbit. Ambos traziam figuras centrais semelhantes (os anões), mas tratados de formas bem diferentes.
Enquanto Tolkien criava anões inspirados em mitologias nórdicas, com histórias detalhadas, comportamentos sérios e uma cultura própria, a Disney escolheu representá-los como personagens infantis e sem tantos detalhes. O anão do estúdio era definido por uma única característica, o sonolento, o zangado, o tímido, como se fossem bonecos colecionáveis.
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No entanto, para Tolkien, isso era quase um insulto às origens mitológicas dessas criaturas.
A crítica à simplicidade dos contos de fadas
Além dos anões, havia outro aspecto que incomodava muito a Tolkien: a forma como a Disney adaptava contos de fadas clássicos. Para ele, os contos de fadas não eram somente histórias para crianças, mas sim histórias poderosas, com moral, tragédia, escuridão e beleza.
Sendo assim, Tolkien acreditava que essas histórias tinham valor para todas as idades e que suas versões originais tinham detalhes importantes que não deveriam ser descartadas em nome de um “final feliz”.
Acontece que, como você provavelmente já deve ter notado, a Disney sempre tentava suavizar e simplificar essas histórias. Assim, em suas versões, violência e tristeza davam lugar ao encantamento colorido, às músicas alegres e ao romance simplificado.
Diante disso, Tolkien temia que essas adaptações simples substituíssem as versões mais detalhadas, e ignorasse todas as suas lições profundas.
O problema não era só com os filmes: era com Walt Disney
Por trás do desgosto pelas obras, havia também um descontentamento pessoal com o próprio Walt Disney. Inclusive, Tolkien não escondia sua opinião de que Disney era um empresário ganancioso, alguém que, segundo ele, colocava os lucros acima da integridade artística.
Aliás, em cartas trocadas com colegas e editores, Tolkien descreveu Disney como um “trapaceiro” e um homem “vulgar”, cujas produções eram, segundo suas palavras, “repulsivas” e “corrompidas”.
Para ele, Disney representava tudo aquilo que ele combatia em seus livros, especialmente na figura de personagens como Gollum ou Thorin Escudo de Carvalho, consumidos pela obsessão por tesouros.
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Tolkien não queria ligação da Disney com “O Senhor dos Anéis“
Por fim, o desprezo de Tolkien pela Disney não ficou apenas no campo das ideias. Afinal de contas, quando se iniciou a conversa sobre adaptações de O Senhor dos Anéis para o cinema, Tolkien foi claro: não queria nenhuma ligação com os estúdios Disney.
InEle deixou isso claro em suas cartas, demonstrando um desejo firme de preservar o tom e o espírito de suas histórias.
Além disso, esse posicionamento influenciou até mesmo sua escolha ao negociar os direitos de adaptação. Embora tenha aceitado vender os direitos de filmagem de suas obras, ele mostrou resistência quanto a adaptações animadas, especialmente se fossem feitas no estilo Disney.