Há 16 anos, alguém furtou um valioso livro da Biblioteca Mário de Andrade em São Paulo, desencadeando uma investigação que envolveu tanto a Polícia Federal quanto a Scotland Yard. Abaixo, vamos conhecer a trajetória do “Souvenirs de Rio de Janeiro”, uma obra rara e de grande valor histórico e cultural, finalmente recuperada em 2024.
O furto e a descoberta
Em 2008, a Biblioteca Mário de Andrade, uma das mais importantes do Brasil, sofreu o roubo de 34 livros e nove álbuns de gravuras raras. Entre esses itens estava o “Souvenirs de Rio de Janeiro”, uma coleção de litogravuras do século XIX criada por Johann Jacob Steinmann.
As ilustrações pintadas à mão deste livro retratam cenas do Rio de Janeiro, tornando-o uma preciosidade para colecionadores e historiadores. Após anos sem pistas, a obra foi encontrada com um colecionador brasileiro, que a havia adquirido legalmente em um leilão em Londres.
O colecionador, sem saber de seu passado ilícito, cooperou com as autoridades quando uma investigação conjunta entre a Polícia Federal e a Scotland Yard revelou a origem do livro.
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A importância histórica do livro “Souvenirs de Rio de Janeiro”
“Souvenirs de Rio de Janeiro” é muito mais do que uma simples coleção de imagens; é um testemunho visual da vida no Brasil do século XIX. Criado por Steinmann entre 1834 e 1835, o livro inclui litogravuras baseadas em desenhos feitos in loco, posteriormente aquarelados por Fredéric Salathé.
Essas imagens não apenas documentam a paisagem e a arquitetura do Rio de Janeiro, mas também capturam a essência da cidade durante um período em que a fotografia ainda não existia.
O processo de repatriação da obra “Souvenirs de Rio de Janeiro”
A descoberta do livro desencadeou um processo meticuloso de verificação de sua autenticidade. A Polícia Federal conduziu uma perícia detalhada antes de confirmar que se tratava do exemplar furtado. Com a confirmação, iniciaram-se os procedimentos para a repatriação da obra, que retornará à Biblioteca Mário de Andrade.
Medidas rigorosas de segurança acompanharão a reintegração do livro ao acervo da biblioteca para garantir sua preservação. Devido ao seu valor inestimável, a obra terá acesso restrito e controlado, disponível apenas para pesquisas justificadas e agendadas.
Desafios na preservação do patrimônio cultural
O furto e a recuperação do “Souvenirs de Rio de Janeiro” destacam um problema maior: a vulnerabilidade dos acervos culturais brasileiros. Segundo especialistas, como a professora Letícia Squeff da Unifesp, a falta de recursos é um obstáculo significativo na implementação de políticas eficazes de preservação e digitalização dos acervos.
A recente revitalização do Iphan e o fortalecimento dos órgãos de cultura são passos positivos, mas ainda há um longo caminho a percorrer para garantir a segurança e a conservação do patrimônio cultural brasileiro.
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O impacto de Johann Jacob Steinmann
Johann Jacob Steinmann teve um papel fundamental na história das artes gráficas no Brasil. Chegando ao país em 1825, ele foi contratado pelo governo brasileiro para criar uma oficina de litografia e ministrar aulas. Sua contribuição não se limitou às gravuras; ele ajudou a formar novos artistas e expandiu o uso da litografia, uma técnica avançada que permitia a reprodução rápida e econômica de imagens.
A litografia, ou litogravura, é um processo baseado na repulsão entre água e óleo. O desenho é feito com um lápis oleoso sobre uma pedra calcária, que é então umedecida, bloqueando as áreas não desenhadas. A tinta de impressão, que é gordurosa, adere apenas às partes desenhadas. Quando pressionada contra o papel, a imagem transfere-se, criando uma cópia detalhada e precisa do desenho original.
Enfim, fica claro que a recuperação do “Souvenirs de Rio de Janeiro” é uma vitória significativa na luta contra o comércio ilícito de bens culturais. Além disso, esta história demonstra o valor da cooperação internacional na recuperação de obras de arte e artefatos históricos.
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