Mesmo com um universo e uma história bem construída, a série O Conto da Aia (The Handmaid’s Tale) escorrega em algumas escolhas de roteiro que não fazem o menor sentido. Abaixo, apresentaremos alguns deles.
June e Serena viram quase amigas
Para começo de conversa, é difícil engolir a forma como o relacionamento entre June e Serena evolui. Afinal de contas, vamos ser sinceros: Serena foi uma das principais arquitetas de Gilead e diretamente responsável por grande parte do sofrimento de June.
Mesmo assim, em momentos da quinta e sexta temporada, as duas parecem estar cada vez mais próximas, a ponto de June ajudar Serena durante o parto e até defendê-la de refugiados furiosos.
Portanto, é estranho e sem sentido ver June colocando de lado tudo o que passou, como se as coisas entre elas pudessem ser resolvidas de alguma forma.
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Serena Joy é sempre recompensada, de alguma forma
Falando em Serena, há um ponto que incomoda ainda mais: a tendência da história de recompensá-la, mesmo depois de tudo o que ela fez.
Não dá pra esquecer que ela ajudou a fundar o regime dominador, escreveu os textos que serviram de base para o sistema misógino de Gilead e, além disso, abusou fisicamente e psicologicamente de June.
Mesmo assim, a personagem continua ganhando chances, poder e espaço para se reerguer, o que não faz nenhum sentido.
O retorno de Emily a Gilead na série ‘O Conto da Aia’
Outro ponto que levanta muitas perguntas é a saída de Emily no final da quarta temporada.
Isso porque depois de finalmente conseguir escapar para o Canadá, reencontrar sua esposa e o filho, ela simplesmente decide voltar para Gilead.
No entanto, isso não faz nenhum sentido de acordo com tudo o que conhecemos da personagem, que sofreu horrores nas mãos do regime, foi mutilada, perdeu entes queridos e passou pelas Colônias.
Tia Lydia: “amor” junto com crueldade
Tia Lydia é, sem dúvida, uma das personagens mais estranhas da série. Ela se vê como uma figura materna para as aias e afirma que faz o que faz por “amor”.
O problema é que suas ações não estão de acordo com suas palavras. Isso porque ela impõe castigos, como choques elétricos e mutilações.
Mas, se o valor de uma aia está justamente em sua capacidade reprodutiva, por que submetê-las a tamanha violência física e emocional?
É difícil acreditar que esse tipo de tratamento seja, de alguma forma, eficaz ou compatível com os objetivos de Gilead.
A fuga quase impossível de Moira em ‘O Conto da Aia
Moira, melhor amiga de June, protagoniza uma das fugas mais dramáticas da série.
Depois de ser levada para o bordel Jezebel’s, ela mata um comandante, se disfarça e simplesmente foge até o Canadá.
Acontece que, por mais satisfatório que seja vê-la livre, a forma como isso acontece parece pouco realista.
O bordel nunca teve sua localização revelada, mas, considerando o nível de vigilância em Gilead, é difícil acreditar que uma mulher sozinha, em um carro roubado, conseguiria atravessar toda a fronteira sem ser parada. Ainda mais depois do que aconteceu com outras personagens que tentaram o mesmo.
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As aias com a boca fechada no Capitólio
Por fim, um dos momentos mais visualmente chocantes da série é quando descobrimos que algumas aias no Capitólio tiveram suas bocas seladas com argolas de metal. A intenção era clara: silenciá-las completamente.
No entanto, a execução da ideia não faz sentido. Afinal de contas, como essas mulheres se alimentam? Como elas permanecem saudáveis o suficiente para cumprir seu “papel sagrado” de gerar filhos?
Portanto, é um método de punição que compromete justamente aquilo que Gilead mais valoriza nas aias: a fertilidade.
O Conto da Aia (The Handmaid’s Tale)
- Direção:
- Mike Barker, Elisabeth Moss, Daina Reid, Kari Skogland, Natalia Leite e outros
- Roteiro:
- Bruce Miller
- Elenco:
- Elisabeth Moss, Joseph Fiennes, Yvonne Strahovski, Alexis Bledel, Madeline Brewer, Ann Dowd, O. T. Fagbenle, Max Minghella, Samira Wiley, Amanda Brugel, Bradley Whitford, Sam Jaeger
- Lançamento:
- 07/03/2018
- Duração:
- 47–60 minutos