Pra além da música: 6 grandes livros de Chico Buarque

Conheça algumas das grandes obras escritas por Chico Buarque.

| Em 22/04/2025 às 00:31

Apesar de ser amplamente reconhecido por sua trajetória na música, Chico Buarque também deixou sua assinatura no universo literário brasileiro. Com uma escrita refinada, melancólica e por vezes ácida, ele transporta para os livros a mesma sensibilidade que marca suas canções.

Aliás, suas obras exploram temas como identidade, lembranças, desigualdade social e até medos da infância — sempre com um olhar próprio e cheio de nuances.

Roda Viva (1967)

Capa do livro "Roda Viva", de Chico Buarque
Capa do livro “Roda Viva”, de Chico Buarque

Muito antes de seus romances ganharem espaço nas prateleiras, Chico Buarque já deixava sua marca nos palcos com Roda Viva — uma peça que virou símbolo de resistência em plena ditadura militar.

A trama gira em torno de Benedito Silva, um cantor que acaba sendo moldado e explorado pela indústria do entretenimento.

Ao longo da história, ele é manipulado por forças ocultas, que o empurram para longe de quem realmente é, tudo em nome do lucro.

Não por acaso, a peça gerou controvérsia na época, chegou a ser censurada, mas continua atual ao escancarar como a fama pode esvaziar o artista por dentro.

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Chapeuzinho Amarelo (1970)

Capa do livro "Chapeuzinho Amarelo", de Chico Buarque
Capa do livro “Chapeuzinho Amarelo”, de Chico Buarque

Este livro é uma pequena joia que fala diretamente com as crianças, e também com os adultos que ainda convivem com medos antigos.

A personagem principal é uma menina dominada pelo medo — inclusive, sente medo até de sentir medo. Por isso, ela se retrai, evita experiências e se afasta da própria alegria de viver.

No entanto, a virada da história acontece quando ela decide enfrentar o Lobo, um símbolo daquilo que a assusta.

A partir daí, o monstro começa a se desfazer, pouco a pouco, virando quase um jogo com as palavras — uma metáfora simples e bonita sobre como os medos diminuem quando temos coragem de encará-los.

Ópera do Malandro (1978)

Capa do livro "Ópera do Malandro", de Chico Buarque
Capa do livro “Ópera do Malandro”, de Chico Buarque

Aqui, temos um musical que virou livro e símbolo de um Brasil marginalizado, sensual e esperto.

O livro se passa na Lapa dos anos 1940 e reúne cafetões, prostitutas, policiais corruptos e contrabandistas.

Inspirada em clássicos como Ópera dos Três Vinténs, de Brecht, a obra mistura humor, crítica social e música para retratar a vida de quem sobrevive às margens da lei e da moral.

Além disso, é um retrato da hipocrisia de uma sociedade que finge seguir as regras, mas vive de pequenos acordos e malandragens.

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Benjamim (1995)

Capa do livro "Benjamim", de Chico Buarque
Capa do livro “Benjamim”, de Chico Buarque

No livro, Chico Buarque nos apresenta Benjamim, um ex-modelo fotográfico que vive mergulhado em memórias confusas e desejos não resolvidos.

Ele acaba se envolvendo com uma jovem que traz à tona a imagem de uma mulher do passado, e, a partir daí, tudo começa a se misturar — realidade e fantasia caminham lado a lado.

Aliás, a história é marcada por um clima de suspense psicológico e nostalgia. Isso porque conforme Benjamim tenta entender o que aconteceu com a mulher que o assombra, o leitor é levado a questionar o que é verdade e o que é delírio.

Budapeste (2003)

Capa do livro "Budapeste", de Chico Buarque
Capa do livro “Budapeste”, de Chico Buarque

Neste romance, Chico escolhe um protagonista incomum: José Costa, um ghost-writer carioca que escreve para outros autores e vive no anonimato.

No entanto, durante uma viagem forçada a Budapeste, ele se encanta não apenas pela cidade, mas também por sua língua, o húngaro, que ele decide aprender.

Nesse processo, surge a figura de Kriska, com quem ele se envolve, dividindo-se entre a vida nova em Budapeste e a antiga no Rio de Janeiro, com sua esposa Vanda.

O livro brinca com a ideia de identidade: quem somos quando mudamos de idioma, cultura e nome? E até que ponto a escrita nos transforma?

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Leite Derramado (2010)

Capa do livro "Leite Derramado", de Chico Buarque
Capa do livro “Leite Derramado”, de Chico Buarque

Aqui, Chico mergulha em uma história mais complicada e reflexiva.

A história é contada por um homem centenário, internado em um hospital, que revisita mentalmente os caminhos da própria família.

Filho de uma elite brasileira decadente, ele relembra a glória dos antepassados e observa como tudo se perdeu ao longo das gerações.

Em meio a lembranças embaralhadas e devaneios, surge também uma crítica sutil — e por vezes afiada — à trajetória do Brasil.

O livro tem um tom triste, mas também irônico, e mostra um retrato da falência moral e econômica de uma classe que um dia teve tudo.

  • Jéssica Bernardo

    Sou uma profissional de marketing, nasci em 1998, natural do estado de São Paulo, com uma paixão pela leitura e escrita.

Tags: livros

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