O que torna “The Last of Us” melhor que “The Walking Dead”?

Desde sua estreia, The Last of Us acendeu comparações inevitáveis com outro gigante do apocalipse zumbi: The Walking Dead. Ambas as séries apresentam mundos destruídos por uma infecção devastadora e sobreviventes lutando por um fio de esperança. No entanto, à medida que os episódios avançam, fica claro que o título da HBO escolheu um caminho diferente em diversos aspectos.

Se por um lado The Walking Dead construiu um império de temporadas, spin-offs e personagens que pareciam inabaláveis, por outro The Last of Us aposta na concisão, na densidade emocional e em um realismo cru que assusta tanto quanto emociona.

A seguir, reunimos estes e outros pontos fortes que colocam The Last of Us um passo à frente nessa comparação.

A ameaça é mais real em The Last of Us

Desde o primeiro episódio, The Last of Us entrega criaturas que assustam pelo visual e também pelo comportamento agressivo e imprevisível. Diferente dos zumbis lentos de The Walking Dead, os infectados do universo da HBO correm, atacam em grupo e se organizam em diferentes formas, como os aterrorizantes Clickers e os brutais Bloaters. Há uma urgência muito mais clara ali, porque o perigo é imediato e de certa forma plausível, já que é baseado em um fungo real que já afeta insetos.

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Nesse sentido, o uso do Cordyceps como origem da infecção dá um toque quase científico à história. A explicação vem logo no segundo episódio, quando uma especialista em micologia reconhece a gravidade do surto e sugere a única solução possível: bombardear a cidade. Não há mistério prolongado, nem teorias vagas. Isso ajuda o público a focar diretamente nos conflitos humanos, sem perder tempo tentando entender o que aconteceu com o mundo.

Diálogos e tensão em sintonia com o cenário

Outro ponto em que The Last of Us se sobressai é na naturalidade com que os personagens se expressam, muito mais próxima do que se imagina que seria uma situação real. Aqui, o uso de palavrões e conversas ríspidas parece realmente adequado ao ambiente de constante tensão e desespero.

Mesmo Ellie, que começa a série com 14 anos, solta frases cortantes sem hesitação, fruto do trauma e a brutalidade do mundo em que ela cresceu. Já The Walking Dead, por estar em uma emissora mais tradicional, precisou se conter por várias temporadas.

A verdade é que situações limite exigem reações à altura, e The Last of Us entende isso desde o início. A crueza nos diálogos faz com que tudo pareça mais sincero e coerente com a proposta da série.

Desafios maiores e personagens mais complexos

Desde os primeiros episódios, fica claro que Joel e Ellie enfrentarão inimigos que vão muito além dos infectados pelo Cordyceps. Na série, facções militares, canibais, grupos radicais e até pessoas em quem confiam colocam suas vidas em risco a todo momento. Simplesmente não há espaço para descanso, o que chega a ser sufocante em alguns momentos para quem assiste.

Essa sucessão de ameaças torna cada decisão mais difícil e cada perda mais sentida e é um contraste direto com The Walking Dead, que, ao longo das temporadas, parecia repetir fórmulas já conhecidas.

É certo que a tendência das séries atuais terem menos episódios contribui para esse ritmo mais intenso na maior parte dos episódios. Para se ter uma ideia, enquanto a primeira e segunda temporada de The Last of Us têm apenas 9 e 7 episódios, respectivamente, algumas temporadas de The Walking Dead chegaram a ter mais de 20. É muito episódio para pouca história!

Inclusive, o curioso é que, ainda que seja uma história mais curta, a série da HBO investe mais na construção dos personagens do que The Walking Dead. O uso de flashbacks, de momentos de intimidade e a necessidade de fazer decisões realmente difíceis ajudam a traçar suas personalidades. Até mesmo figuras secundárias ganham espaço para mostrar suas motivações.

Menos enrolação, mais história

Já adiantamos sobre isso no último tópico, mas vale destacar novamente que, com somente duas temporadas e 16 episódios até o momento, The Last of Us vai direto ao ponto. Mesmo que receba algumas críticas sobre o ritmo acelerado em determinados momentos, a verdade é que a série evita episódios que não acrescentam nada. Nela, cada capítulo tem um propósito claro, seja avançar na trama principal ou desenvolver um personagem específico.

The Walking Dead, por outro lado, acabou se perdendo em seu próprio sucesso, o que se refletiu em uma queda de audiência que culminou no seu cancelamento (como explicamos em detalhes aqui). E não tinha como ser diferente, afinal, com tantas temporadas e derivados, a história original acabou ficando diluída em tramas paralelas que muitas vezes pareciam desconectadas e pouco interessantes.

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Assim, enquanto a série da AMC apostou em quantidade, The Last of Us preferiu qualidade, e isso faz toda a diferença para quem procura uma experiência mais dinâmica e menos cansativa.

Publicado por

Caio Póvoa

Graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Goiás. Possui também título de Mestre em Engenharia Elétrica e de Computação pela Escola de Engenheira Elétrica, Mecânica e de Computação-EMC UFG. Por meio da escrita, compartilha conhecimentos e orientações práticas com foco em cultura geek, áreas da ciência, tecnologia e temas relacionados.

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