Ellie e Dina (HBO)

HBO acerta ao reinventar o romance de Ellie e Dina em ‘The Last of Us’

Na segunda temporada de The Last of Us, a HBO decidiu fazer algo diferente com dois personagens que os fãs conhecem bem: Ellie e Dina. Ao invés de seguir exatamente o que vimos no jogo, a série escolheu dar mais tempo para o vínculo entre elas crescer, e essa escolha funcionou muito bem!

No jogo The Last of Us Parte II, a conexão entre as duas acontece rapidamente, logo nas primeiras horas de história. Mas na série, os criadores optaram por adiar esse momento, o que pegou de surpresa quem esperava o romance tradicional, tal como no game. Essa mudança, no entanto, criou um espaço maior para desenvolver emoções mais profundas. Ao invés de serem unidas logo de início, Ellie e Dina vão se aproximando aos poucos, o que torna tudo mais natural e até mais intenso.

Relações mais humanas em um mundo quebrado

Outro ponto importante foi a relação de Dina com Joel. Na adaptação para a TV, ela passa a ter momentos importantes com ele, criando um elo que não existia no jogo. Isso dá mais peso às decisões dela mais adiante, inclusive quando resolve seguir Ellie em busca de vingança.

O elo emocional entre Joel e Dina foi construído na série (HBO)

Com essa mudança, Dina passa a ser mais que uma parceira amorosa. Na série, ela também tem seus próprios motivos e feridas, o que a torna mais complexa e interessante.

Esse aprofundamento também faz com que sua presença na cena do ataque brutal a Joel tenha outro impacto. Para quem não jogou o videogame, vale destacar que Tommy – irmão de Joel – era quem estava com Joel no momento de sua morte, não Dina.

Mas, na série, ainda que inconsciente, ela estava lá, e isso a torna parte daquele trauma. É como se a dor de Ellie tivesse ecoado em Dina de um jeito muito particular, o que fortalece ainda mais a união das duas ao longo dos episódios.

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Um romance construído com cuidado

Aos poucos, o romance entre Ellie e Dina ganha espaço na tela, e quando finalmente acontece, é carregado de sentimentos guardados, hesitações e lembranças difíceis. A cena no metrô, com Ellie arriscando a vida por Dina, marca um ponto alto dessa relação. Foi ali que Dina entendeu o quanto Ellie significava para ela e essa percepção veio como um alívio, uma libertação.

Ellie e Dina na cena do Metrô (HBO)

Na manhã seguinte, vemos uma Dina mais aberta, falando sobre sentimentos que ela mesma tinha dificuldade de entender. Foi nesse momento que a série tocou em algo sensível e real: o processo de se aceitar e de se abrir ao amor, mesmo depois de tanto tempo se escondendo atrás de dúvidas e memórias dolorosas.

Esse tipo de construção, feita aos poucos, é praticamente inviável dentro do ambiente de um videogame onde o foco é a ação. Os próprios criadores da série chegam a falar, nos vídeos de bastidores, sobre diversas escolhas que só foram possíveis quando o mundo de The Last of Us foi adaptado para a TV. Essa, sem dúvidas, é uma delas.

Uma adaptação que sabe onde tocar

Dina revela que, na infância, sua mãe rejeitou sua bissexualidade, o que a levou a esconder quem era. Esse conflito interior aparece de maneira sutil, mas intensa. E quando ela acredita que pode perder Ellie, é como se tudo desabasse ou, talvez, se revelasse. É nesse instante que vemos uma personagem pronta para viver algo verdadeiro.

Ellie e Dina (HBO)

A série aproveita bem o formato da TV para expandir o que, no jogo, era mais direto e imediato. Ao dar espaço para as emoções crescerem com o tempo, a segunda temporada de The Last of Us conseguiu criar uma relação mais crível e comovente.

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Publicado por

Caio Póvoa

Graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Goiás. Possui também título de Mestre em Engenharia Elétrica e de Computação pela Escola de Engenheira Elétrica, Mecânica e de Computação-EMC UFG. Por meio da escrita, compartilha conhecimentos e orientações práticas com foco em cultura geek, áreas da ciência, tecnologia e temas relacionados.

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