Willem Dafoe e Robert Pattinson em "O Farol" (Foto: Eric Chakeen/A24)

Explicando o verdadeiro significado do filme ‘O Farol’

Poucos filmes provocam sensações tão diferentes quanto O Farol, lançado em 2019. Dirigido por Robert Eggers, o filme é uma experiência que nos hipnotiza.

Willem Dafoe e Robert Pattinson estreiam este filme que se desenrola quase todo em uma ilha isolada, onde dois homens são encarregados de cuidar de um farol, enquanto vão perdendo o controle da própria sanidade.

Mas o filme é muito mais do que somente um estudo sobre isolamento: ele é um verdadeiro quebra-cabeça, que leva o espectador a interpretar seus significados por meio de histórias mitológicas, filosóficas e da psicologia.

Do que se trata o filme?

Tudo começa com a chegada de Thomas Wake (Dafoe) e Ephraim Winslow (Pattinson) à ilha. A dupla vai passar quatro semanas trabalhando ali, mantendo o funcionamento do farol.

No entanto, desde o início, fica claro que a relação entre os dois é desequilibrada: Thomas, mais velho e experiente, assume o comando da situação e não permite que Winslow acesse o topo do farol, local que ele guarda com um cuidado quase sagrado.

Acontece que, com o passar dos dias, o isolamento começa a destruir a mente dos dois. Além disso, quando uma tempestade impede a chegada do barco que os levaria de volta ao continente, a tortura psicológica aumenta.

Com isso, entre alucinações, desconfianças, bebedeiras e figuras mitológicas, como uma sereia que aparece em sonhos, os dois homens mergulham num colapso mental que vai aumentando com o passar do tempo.

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Willem Dafoe e Robert Pattinson em “O Farol” (Foto: A24)

O farol como símbolo: poder, conhecimento e punição

É impossível assistir ao filme e não se perguntar: por que aquela luz é tão importante? Por que Thomas Wake a guarda com tanto cuidado, como se fosse algo divino?

Na verdade, o farol funciona como um símbolo de várias coisas. Em um primeiro plano, representa o poder, aquele que é guardado por quem detém o controle e negado a quem ainda não está pronto, ou não é digno de conhecê-lo. Mas há também algo mais profundo.

Robert Pattinson em “O Farol” (Foto: A24)

Afinal de contas, a luz do farol nos lembra do mito grego de Prometeu: o titã que roubou o fogo dos deuses para entregá-lo aos humanos, sendo punido eternamente por isso.

Quando Winslow (que, mais à frente, descobrimos se chamar Thomas Howard) finalmente encara a luz, ele é como Prometeu tocando o sagrado. E assim como o mito, ele paga um preço: despenca escada abaixo e tem o corpo devorado por gaivotas.

Um filme sobre o que não pode ser compreendido

Se a luz representa o conhecimento absoluto, então o filme também mostra o perigo de tentar compreender o que não deve ser compreendido. Inclusive, essa é uma ideia central no chamado horror cósmico, gênero literário popularizado por H.P. Lovecraft, outra influência clara do filme.

Nesse tipo de história, o terror não vem de monstros em si, mas da simples constatação de que o universo é grande demais, caótico demais, e a mente humana é frágil demais para suportar isso.

Portanto, quando Winslow encara a luz, ele não encontra redenção, mas loucura. Sendo assim, a revelação não traz sentido, apenas destruição.

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Realidade ou delírio?

Outra grande questão do filme está na própria natureza dos acontecimentos. Será que há de fato elementos sobrenaturais? Ou tudo é fruto da destruição mental causada pelo isolamento?

O roteiro, aliás, nunca dá uma resposta definitiva.

As sereias, os tentáculos, os gritos que saem da escuridão… tudo pode ser real, ou pode estar apenas na cabeça dos personagens.

Inclusive, a câmera em preto e branco, com enquadramento misterioso, reforça essa ideia de interpretação dupla, deixando que o telespectador interprete alguns fatos da sua maneira.

Publicado por

Jéssica Bernardo

Sou uma profissional de marketing, nasci em 1998, natural do estado de São Paulo, com uma paixão pela leitura e escrita.

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