A segunda temporada de The Last of Us mal acabou, mas, com certeza, os fãs já aguardam ansiosamente pela nova leva de episódios da série, que foi renovada antes mesmo da estreia de sua segunda parte. Então, para acalmar os ânimos, trouxemos hoje uma produção, também disponível no catálogo da Max, que tem uma temática pós-apocalíptica e que vale cada minuto de atenção.
Confira com a gente!
Station Eleven
Lançada entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022, Station Eleven teve o azar de estrear em meio ao burburinho das festas de fim de ano, o que pode ter atrapalhado sua projeção na temporada de premiações. Mesmo assim, aqueles que começam a acompanhar a história logo percebem que ela toca nos mesmos temas que encantaram os fãs de The Last of Us.
Se você ainda não conhece, a série é uma produção da HBO Max baseada no livro homônimo de Emily St. John Mandel. Ela se passa em um mundo devastado por uma gripe altamente letal que dizima grande parte da população mundial, e acompanha diferentes personagens ao longo de várias linhas temporais; antes, durante e depois da pandemia.
Apesar do cenário sombrio, a série foca na reconstrução e na memória do que foi perdido. O ponto central da trama é a companhia de teatro itinerante “Travelling Symphony”, que viaja por comunidades sobreviventes apresentando peças de Shakespeare como forma de manter viva a arte e a cultura.
Um dos elementos mais simbólicos é uma história em quadrinhos chamada Station Eleven, que conecta emocionalmente dois dos personagens principais: Kirsten, uma atriz sobrevivente, e Tyler, que se torna um líder radical.
Aqui, no entanto, ao invés de explorar o caos e a violência típicos de histórias apocalípticas, Station Eleven escolhe um caminho mais sensível e filosófico, trazendo reflexões sobre o papel da arte, da memória e das relações humanas na reconstrução da civilização.
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Duplas sobreviventes em mundos destruídos
Uma semelhança que salta aos olhos entre Station Eleven e The Last of Us é o relacionamento central: um adulto relutante precisa cuidar de uma criança em meio ao caos. Em The Last of Us, Joel e Ellie enfrentam perigos inimagináveis, que os levam a criar um laço em meio ao sofrimento. Já em Station Eleven, o foco está em Jeevan e Kirsten, unidos repentinamente quando o mundo colapsa devido à gripe da Geórgia.
A diferença é que Jeevan não é um sobrevivente endurecido, o que contrasta com Joel. Antes do colapso, sua vida era marcada pela frustração e com a chegada do desastre, ele encontra um novo propósito: cuidar de Kirsten e ajudar quem está ao seu redor.
De maneira parecida com Joel, ele é transformado pelo vínculo com a jovem, mas o caminho até lá é guiado menos pela violência e mais pela sensibilidade e pelo cuidado com o outro.
Arte como refúgio no fim do mundo
Outro ponto interessante de aproximação entre as duas obras está nas páginas de quadrinhos. Na primeira temporada, por exemplo, Ellie encontra consolo na coleção fictícia Savage Starlight. Já Kirsten se apega à história em quadrinhos Station Eleven, que a conecta a outro sobrevivente, Tyler, de forma inesperada.
Em ambos os casos, os quadrinhos ajudam os personagens a enfrentar o trauma e compreender o mundo ao redor. A diferença é que, enquanto Ellie encara um universo que exige resistência constante, Kirsten habita um cenário que, embora ferido, começa lentamente a se reerguer.
Não podemos deixar de mencionar também que, na segunda temporada de “The Last of Us”, a música se torna peça importante da história. Nesta segunda parte, Ellie aprende a tocar violão, carrega canções como recordação e se expressa por meio delas. A música é usada como respiro emocional e também como extensão do vínculo entre ela e Joel, com destaque para a emblemática “Future Days”, do Pearl Jam, que simboliza afeto e perda.
Em ambas as produções, a arte — seja pela música, pelo teatro ou pelos quadrinhos — é o que resta quando a estrutura da civilização cai. Enquanto o mundo físico rui, o mundo simbólico se mantém vivo por meio da criatividade e da expressão.
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Esperança em tempos difíceis
Falamos aqui de algumas semelhanças entre as produções, mas temos muitas diferenças também, e talvez o maior contraste entre as duas produções esteja no tom.
The Last of Us frequentemente explora o desespero, e retrata um mundo em que a esperança parece escassa e em que o sofrimento é inesgotável. Por outro lado, Station Eleven encontra brechas para sonhar, ao mostrar uma humanidade, ainda combalida, tentando se reorganizar. Aqui, famílias se formam, comunidades colaboram e até peças de Shakespeare voltam a ser encenadas.
Qual é a melhor?
Bem, a verdade é que não se trata de escolher qual série é “melhor”, mas sim de aproveitar as perspectivas distintas, trazidas por elas, sobre a sobrevivência e o que nos torna humanos. Para quem já conhece os caminhos de Joel e Ellie de cor, Station Eleven é uma boa alternativa para preencher o vazio enquanto a terceira temporada não chega.
A minissérie conta com apenas 10 episódios, então é melhor já explorar o Planeta Diário BR e procurar outras opções de séries e filmes para quando você terminar essa recomendação, hein?
Station Eleven
- Direção:
- Hiro Murai, Jeremy Podeswa, Helen Shaver, Lucy Tcherniak
- Roteiro:
- Patrick Somerville (criação e adaptação), baseado no romance de Emily St. John Mandel
- Elenco:
- Mackenzie Davis, Himesh Patel, Matilda Lawler, David Wilmot, Nabhaan Rizwan, Daniel Zovatto, Philippine Velge, Lori Petty, Danielle Deadwyler, Gael García Bernal
- Lançamento:
- 16/12/2021
- Duração:
- 51 minutos (média)